20060318 |
silêncio. a quietude neste buraco é enervante. passo dias e dias sem ouvir resquício do que quer que seja. nem passos, nem uma palavra perdida, nem o zumbir de uma mosca... nada. a princípio, fez-me impressão: cheguei a pensar que tinha ficado surdo. agora? já nem noto a diferença.
rabiscado na parede, ao lado de outros 0 gatafunhos.mas também é verdade que, antes de ser enclausurado neste buraco, me havia de certo modo habituado ao silêncio. sempre vivi como um anacoreta, afastando-me das gentes porque não me dava bem com elas, votanto-me ao isolamento porque me era difícil lidar com elas, entender os seus caprichos, as suas vaidades, as suas teimosias. até que um dia... aconteceu. fui isolado. separado. arrecadado. já não sei porquê. ninguém sabe porquê. todos os que se davam comigo e de quem me afastei desapareceram. definitivamente. e o silêncio invadiu a minha vida. a minha voz já não se ouve. e agora, espero que a minha alma se silencie também. talvez demore muito. talvez seja rápido. que importa? estou fechado e ninguém mais saberá de mim. ninguém mais ouvirá a minha voz. in perpetuum.
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companheiros de cela.
apenas o meu encarcerador
créditos.
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parede.
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