20060207 |
retinir. passam-se dias, passam-se noites, e eu não dou por elas. apenas as refeições me permitem colocar um bocado de ordem no meu relógio mental. a luz fraca de que disponho neste buraco mal me deixa conseguir ler o que quer que seja, por isso abraço-me à minha campaniça, acaricio-lhe o bojo e firo as suas cordas com as unhas grandes, produzindo ora cacofonias sem sentido, ora melodias magníficas para o meu ouvido, uma réstia do mundo harmonioso lá de fora, trazido cá para dentro. é uma das poucas actividades que posso fazer de olhos fechados. conheço-a tão bem... talvez melhor do que conheço já os meus pais. tem sido a minha única companheira neste inferno dos últimos anos; e creio que morreremos juntos, ambos roídos pelos bichos que infestam a caixa que habito há semanas... ela depois de mim, mas perderá a sua alma quando partir deste mundo, pois ficará muda, abandonada, desaparecida para o mundo, enferrujando e apodrecendo lentamente...
rabiscado na parede, ao lado de outros 1 gatafunhos.malditas sejam as leis dos homens. malditos sejam os homens. deixem-nos morrer em paz.
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companheiros de cela.
apenas o meu encarcerador
créditos.
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parede.
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