20060119 |
demência. é impressão minha ou as paredes estão a aproximar-se? não sei, quanto mais olho, parece que estão em movimento... esfrego os olhos, olho novamente e reparo que não estou rodeado de paredes, mas tão-só o gradeamento de sempre. acho que estou a perder a razão. ouço vozes a falar comigo, mas não vejo ninguém. onde estão? eu sei que vocês estão aí! saiam daqui! deixem-me em paz!! desapareçam!! mas porque vos digo para desaparecerem, afinal de contas, vocês nunca aparecem... passo nisto todo o dia. se é que é um dia... já perdi totalmente a noção do tempo. tanto pode ser segunda como sábado, já não sei. nem sei que ano é. ninguém me dá nada. adorava ter uma pedra, ou algo que me desse para partir o vidro desta janelinha para abrir um pulso e ver o sangue a correr... talvez morresse finalmente... talvez tivesse tinta para escrever... tiraram-me as canetas, sabem? acharam que eu era capaz de enfiar uma na garganta para ver o que acontecia... ou de me tentar matar com ela... tentar matar-me com uma caneta, ouviram? como se isso fosse humanamente possível... não se riam, eu sei que não me ia matar! por muito que o queira... não o ia fazer com uma caneta! eu não me quero matar, ouviram! eu não quero! eu não quero! eu não...
rabiscado na parede, ao lado de outros 0 gatafunhos.os passarinhos soam lá fora. felizes são eles...
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companheiros de cela.
apenas o meu encarcerador
créditos.
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parede.
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